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Uma visão aceleracionista e o realismo capitalista dentro dos países latino americanos

Atualizado: 19 de nov. de 2024

Hoje, na América Latina, podemos observar diferentes configurações políticas. Alguns governos se posicionam à direita, como o de Javier Milei na Argentina, enquanto outros, como o de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, se identificam com uma linha mais à esquerda. No entanto, independentemente da orientação política, é possível afirmar que as estruturas de poder subjacentes permanecem essencialmente as mesmas. São sistemas piramidais, onde a grande massa da população sustenta uma pequena elite no topo. Essa realidade reflete a dinâmica do capitalismo, que foi imposto desde os tempos da colonização. Nunca, ao longo de nossa história, tivemos a oportunidade de vislumbrar outra possibilidade. Somos, até hoje, um povo historicamente explorado pela burguesia.

Como afirmou Mark Fisher, em Realismo Capitalista:


"O realismo capitalista não é uma ideologia, mas uma condição estrutural que limita a nossa imaginação, tornando a alternativa ao capitalismo algo que parece ser impossível."

Com o desenvolvimento do capitalismo, o avanço tecnológico se tornou um dos principais agentes de segmentação social. A classe burguesa rapidamente monopolizou a inovação, criando gigantes corporativos como as "big techs", que agora detêm o controle da comunicação e da informação global, gerando capital de maneira exponencial. Essa segmentação extrema tem provocado um aumento da desigualdade. Enquanto a classe trabalhadora produz mais do que nunca, seus direitos são sistematicamente enfraquecidos. O Estado, por sua vez, adota uma postura cada vez mais liberal, alinhando-se ao setor privado e favorecendo a classe empresarial. O que é público vem sendo progressivamente sucateado, enquanto a narrativa imposta à população é de que o futuro reside nas mãos do setor privado. As empresas desfrutam de benefícios tributários, enquanto o povo, cada vez mais, é sobrecarregado com impostos. O que vivemos hoje, meus amigos, é o "Neocolonialismo Digital".

Esse processo parece inevitável. O capitalismo, como sistema, provou ser um sucesso porque é intrinsecamente sustentável. Ele se adapta e se mantém, independentemente das mudanças externas. A segmentação das classes se aprofunda, e a única forma de queda desse sistema seria uma crise interna, uma autossustentação da sua própria decadência. O único vislumbre de uma possível esperança para a nossa classe trabalhadora seria o “pós-capitalismo”, mas, para alcançar essa transição, ainda precisamos passar por toda a trajetória do capitalismo. E, como Fisher nos alerta, nada nos garante que o pós-capitalismo será um sistema ideal ou livre de novas formas de exploração. O que sabemos é que o sistema atual herdou do feudalismo a figura da burguesia, que, antes aristocracia, agora assume o poder de uma forma ainda mais concentrada. A "cadeira do rei" apenas mudou de lugar, agora revestida por camadas cibernéticas e tecnológicas.

 
 
 

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